sábado, abril 29, 2006

bagagem

Sou do tipo que guarda. Na cabeça, sobretudo. Polaróides, curtas-metragens, fragmentos de diálogo e silêncios. Mas vou também acumulando cadernos, agendas, receitas, postais, fotografias. Para que novas coisas aconteçam e se acomodem é preciso libertar espaço. Nesta mudança, estou a tentar reduzir a bagagem ao essencial.

quinta-feira, abril 27, 2006

simbolismos

"That all my indecision (...) might never end. The important thing is not to stop while waiting to decide."
Richard Zimler, em "The Search for Sana"

Mais um recado, recebido. Segunda mudo de casa. Decisão tomada no Dia da Liberdade, concretizada no Dia do Trabalhador. Eu derreto-me por um simbolismo.

quarta-feira, abril 26, 2006

composto de mudança

Quando estamos disponíveis os sinais chegam de todo o lado. Perfeitos estranhos conspiram para me sussurrar "perspectiva". Sugerem-me viagens, dentro e fora de mim. As que deixei de fazer, e porquê. Tornam todas as hiperligações visíveis e há novos links a sugerir percursos. Toda uma cartografia a fazer.

a digerir

Investigadores franceses anunciaram hoje a identificação de uma zona específica do cérebro humano indispensável à leitura. Mais exactamente no lóbulo temporal esquerdo. Um pedacinho de massa cinzenta que, quando em falta, torna impraticável esta função. Mas o que me deixou perplexa foi a frase do Dr. Raphael Gaillard: " o surpreendente é que um elemento cultural como a leitura, muito recente em termos de evolução e desnecessário para a sobrevivência da espécie, acabou por ter um espaço no cérebro".
A natureza sabe ou não o que faz? A digerir...

segunda-feira, abril 24, 2006

quase poema

Um dia, numa explanada à beira-mar, hei-de voltar a ser só comoção.

casa habitada

Vivemos na mesma casa, que é nossa. Faquires os dois, em camas separadas.
Passas longas temporadas fora e eu preocupo-me em manter o computador ligado, o cinzeiro sem beatas e a janela aberta para que não te falte a maresia.
O meu quarto é uma enorme janela onde todas as noites há lua cheia.
Ao fundo do corredor pintámos o espaço dos teus filhos e no frigorífico há sempre as coisas de que eles gostam. Eu trato disso.
Dia sim, dia não, tropeçamos num brinquedo abandonado. Deles, teu ou meu, e rimos.
Quando te apaixonas, invades-me o quarto sem pedir licença, ajoelhas-te aos pés da cama e cantas-me tudo. Na tua música conseguimos voar.
Quando eu me apaixono, há em mim uma luz que tu sentes de longe. Aproximas-te para tentar entender e eu digo "amo-te, mas tens bater antes de entrar".
Às vezes, a meio da noite, dizes "tive um pesadelo. Posso dormir na tua cama?" Damos as mãos e adormeces sem sobressaltos. Outras, sou eu que peço para dormir no teu abraço.

sábado, abril 22, 2006

orientação

"There are people who are so powerful that they orient us. Just knowing she was in the world - it was like I always had a central square in my sight. Do you understand? (...) Does that make sense?"
Richard Zimler, em "The Search for Sana"

aviso à navegação

Sou completamente avessa a manuais de instruções. A informação directa e objectiva confunde-me. Sou mais de navegar à vista, sempre com alguns pontos de referência. E não me tenho dado mal. Uns dias mais que outros.